Dharma
Como astrólogo uma das perguntas mais recorrentes que recebo diz respeito a
missão de vida, qual caminho a pessoa deve seguir, qual carreira investir, e
questões similares. Uma variação mais espiritual desta mesma pergunta é a
seguinte: "qual é o meu Dharma?" Dharma no pensamento religioso hindu
em geral, e no budismo em particular, significa, dentre muitas outras coisas, o
caminho da lei natural, reto caminho, ou aquela senda que conduz à maior
realização espiritual. Falando em tese e sem adentrar pormenores esotéricos e
filosóficos, poderíamos até mesmo pensar que o caminho do Dharma quando surge
desta forma seria o caminho oposto àquele do Karma, tal como usualmente o leigo
associa a este último termo, ou seja, um caminho mais fácil de trilhar, com
menos obstáculos e desafios (karma). Em outras palavras, a verdadeira grande
questão que a pessoa quer fazer ao astrólogo é " qual é o caminho
menos difícil que posso percorrer para ser feliz?''.
Todo mapa astral deve necessariamente ser lido de uma forma sistemática e
holística, no sentido de se buscar uma interpretação global de todas as
suas configurações planetárias, signos, casas e aspectos, bem como o modo como
os trânsitos atuais atuam sobre aquele destino individual particular. Contudo,
para os propósitos deste post podemos indicar uma pista que é óbvia aos
estudantes mais aplicados e que poderá servir de guia para futuras
investigações, que é, naturalmente, o posicionamento do mais importante dos
planetas do mapa, que é o Sol.
Quando pensamos em felicidade, alegria e realização é claro que estamos
tratando de um tema solar, e portanto, a resposta a pergunta do Dharma deveria
começar necessariamente no estudo aprofundado de tudo que afeta o sol num mapa
natal. O signo solar é geralmente muito bem conhecido por aqueles que se
interessam por astrologia, mesmo a pessoa que não gosta destes estudos sabe de
que signo ela é, e muita gente tem até mesmo um conhecimento bem avançado das
principais características associadas ao seu signo.
Mas infelizmente param por aí. Poucos são os que avançam neste estudo para
entender a relação do seu sol natal com os outros pontos do mapa, e no assunto
que nos concerne aqui, especialmente a sua relação com Saturno, o regente do
Karma individual. Afora estas questões planetárias mais avançadas, um caminho
mais fácil para você aprender seu Dharma é pelo estudo da casa em que seu sol
está localizado. Tenho visto na prática que este é um trabalho decisivo para
aqueles que se sentem bloqueados em suas vidas, ou que não conseguem achar um
caminho de maior sucesso, pessoal ou profissional.
Mais do que a compreensão dos aspectos planetários, ou o modo como por exemplo
a casa 10 e o Meio do céu de um mapa se apresentam num mapa, tenho visto como a
singela compreensão da casa solar consegue ajudar aquela pessoa a encontrar o
caminho a seguir. Em outras palavras, muitas vezes o bloqueio que uma pessoa
enfrenta está no fato de que ela resolveu, inconscientemente, investir
mais energia em outros aspectos do seu mapa e negligenciou as oportunidades
oferecidas pelo seu Sol natal. Por exemplo, é muito normal notarmos uma pessoa
excessivamente atenta aos seus relacionamentos, amigos, familiares e romances,
mas que se sente desmotivada na área profissional. Ou seja, astrologicamente
esta pessoa estaria provavelmente dedicando demasiada energia a atender as
exigência do eixo ascendente-descendente do seu mapa, áreas que concernem aos
relacionamentos e a adaptação à sociedade, (aquilo a que Jung denominou de
Persona), e com isso, pouca energia foi dispendida para o trabalho de se ativar
o potencial solar do mapa.
Importante dizer que este sol, justamente por ser o mais importante ponto
do mapa, sempre estará de alguma forma ativo, ainda que não tenhamos
consciência disso. O problema contudo é que ele estará por assim dizer,
subvalorizado, funcionando muito abaixo de seu potencial máximo, que viria
justamente pelo trabalho de autoconhecimento ativo propiciado pelo estudo da
casa solar do mapa.
Outro exemplo é o daquela pessoa que nunca se sente motivada a seguir nenhum
tipo de ocupação, está sempre mudando de áreas e trabalhos pois sempre se sente
infeliz ou não encontra algo que combine com ela. Provavelmente aqui
estaríamos vendo o caso de alguém muito atento à sua lua natal, ou
seja, ao modo como absorve e expressa sua vitalidade, e que por isso sabe bem
onde gosta ou não gosta de colocar suas energias, mas que por outro lado,
termina sendo refém deste afetos oscilantes pois nunca consegue encontrar uma
área de constância em sua vida, uma área onde o entusiasmo surja naturalmente,
sendo esta justamente a função da casa solar do mapa.
Então nestes dois exemplos, o trabalho terapêutico que nós deveríamos promover
como astrólogos seria o de ajudar aquela pessoa a se conscientizar do modo
que atualmente emprega suas energias, e depois disto, fazê-la compreender a
importância de se dedicar com mais denodo a ativação do seu potencial solar
natal, começando pela orientação de seu destino no sentido de seguir aquele
caminho mostrado pela casa em que seu sol está localizado. Esta casa é o ponto
de menor resistência no seu mapa, ou seja, onde a sua vida tenderia a fluir com
mais facilidades, e portanto, seria aquele caminho onde seu Dharma seria, em
tese, mais facilmente atingido.
A ressalva se justifica, pois como falei no início, o mapa deve funcionar como
uma orquestra em harmonia, e os outros pontos do mapa precisam encontrar seu
lugar de funcionamento ótimo, para assim poderem dar o equilíbrio
necessário ao protagonista Sol. Todas as pessoas, quaisquer que seja a
dificuldade presente em seu mapa natal, pode encontrar as pistas para
ativar seu destino, começar a trabalhar o seu Dharma e achar a senda para sua
vida finalmente florescer. É um trabalho que requer auto
conhecimento, paciência e disciplina, mas que afinal trará a felicidade como
recompensa....
Para encerrar este nosso estudo do Dharma como missão de vida, deixo as
belíssimas palavras de Joseph Campbell e deixo ao final nossos contatos:
SAIA DO SEU DESERTO, SIGA A SUA ALEGRIA....
O privilégio de toda uma vida é ser aquele que nascemos para ser."
"Precisamos estar dispostos a nos livrar da vida que planejamos, para
podermos viver a vida que nos espera. A pele velha tem que cair para que uma
nova possa nascer."
"Quando nos deixamos guiar pela felicidade, nos posicionamos num tipo de
caminho que sempre esteve ali, à nossa espera, e vivemos exatamente a vida que
deveríamos estar vivendo."
"E qual é a natureza do deserto? É uma terra onde todos vivem uma vida
falsa, fazem as mesmas coisas que os outros fazem, do modo como lhes foi
ensinado, sem que ninguém tenha coragem de viver sua própria vida."
"O objetivo dos artistas é quebrar janelas nos muros da cultura local para
a eternidade."
"As oportunidades para procurar forças mais profundas em nós mesmos vêm
quando a vida parece mais desafiadora."
"Siga a sua bem-aventurança e sua alegria, lá onde há um profundo sentido
do seu ser, lá onde seu corpo e sua alma querem ir."
"Encontre a paixão da sua vida e siga-a, siga o caminho que não é
caminho."
"Quando tiver essa sensação, fique aí e não deixe ninguém arrancá-lo desse
lugar. E portas se abrirão onde antes não havia portas e você sequer imaginava
que pudesse haver."
Por Daniel Jaoude - Astrólogo e Terapeuta Holístico
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